Super interessante essa matéria que saiu no globoesporte.com:
Aos 16 anos, um fã de vôlei conheceu Tande, campeão olímpico de Barcelona-1992. Já consagrado, o jogador foi apresentado ao adolescente por um amigo em comum. No momento, ele não sabia, mas, ali, conhecia seu futuro parceiro na praia. O menino era Pedro Cunha, dono do título mundial sub-21 em 2003 e brasileiro adulto quatro temporadas depois. E o encontro dos dois virou mais uma das histórias de aprendizes que assimilaram bem as lições e agora estão no topo do ranking nacional de vôlei de praia.
- Quando eu era mais novo e ainda nem jogava profissionalmente, conheci o Tande e disse: “Meu nome é Pedro Cunha. Guarda isso porque você ainda vai ouvir falar de mim”. Depois, saí e o deixei sem entender nada. Três anos depois, na primeira vez que ganhei dele, contei essa história. Foi bacana ver a reação que ele teve – disse Pedro, que jogou ao lado do ídolo em 2003, após ajudar nos treinos de Tande com Emanuel, dois anos antes.
Hoje longe das quadras e das areias, Tande lembra com carinho do episódio e faz muitos elogios ao campeão de três das quatro etapas já disputadas da temporada 2010 do Circuito Brasileiro, ao lado de Thiago.
- Eu lembro dessa história. É engraçado ver que ele está despontando agora, o quão longe ele já foi. Mas sempre acreditei no potencial do Pedro. Tanto que naquela época eu mesmo fui falar com um patrocinador para apostar nele. Desde de quando ele começou com a gente, dava para ver que era bom – disse Tande, acrescentando que o primeiro torneio que conquistou na praia foi com o aprendiz, na etapa de Maceió de 2003.
Assim como Pedro, seu parceiro atual também foi assistente de Emanuel, mas quando ele já fazia dupla com Ricardo. O carioca Thiago, jogava em Santa Catarina, por onde é federado, quando foi convidado a ir para João Pessoa e ajudar os campeões olímpicos de Atenas-2004
- Larguei tudo e fui para lá. Com certeza, essa foi uma decisão muito certa. Foi com eles que aprendi a vencer. O Ricardo me ensinou a criar imagens na minha cabeça, imaginar o movimento antes de executá-lo. Já o Emanuel me mostrou a arte da concentração, permanecer calmo e focado em todos os momentos – lembrou Thiago.
Hoje, Fábio e Alison estão em lados opostos
Os ensinamentos dentro e fora de quadra que aprenderam na época de aprendizes ainda estão na memória dos jogadores. Alison, que atua ao lado de Emanuel, conta a importância de Fábio Luiz na sua adaptação na praia.
- Eu jogava na quadra como meio de rede. Então, não fazia passe, só sacava e bloqueava. Imagina um menino de 2,04m tentando correr atrás da bola na areia. Era muito difícil. Tive que me reeducar para começar a jogar rápido. O Fábio me ajudou muito a dosar velocidade e movimentação. Na verdade, a convivência era a parte mais bacana dos treinos. Era curioso saber quando um estava brigado com o outro – diverte-se Alison, recordando a época em que treinou com o jogador e seu parceiro, Márcio.
Geração medalhista olímpica também teve seus mestres
Fábio Luiz lembra bem do processo de adaptação de Alison. O veterano conta que o “Mamute” proporcionava cenas engraçadas ao tentar se equilibrar na areia. A trajetória do aprendiz o fez pensar nos seus momentos de aluno também, quando começou a treinar com Anjinho e Loiola.
- Uma das coisas que mais me marcaram foi o Loiola falando sobre como a manchete deve ser feita. Era sempre assim: “Fábio, up and down (para cima e para baixo, em inglês)”. Ele dizia que tinha que subir e cair no mesmo lugar. Isso ficou muito forte na minha cabeça. Lembro até hoje durante treinos e jogos – conta.
Geremias A. Junior/CBV
Ricardo foi "braceiro" de Paulão e Paulo Emílio
Até hoje jogando ao lado de Fábio, Márcio também tem uma história com outros ídolos do vôlei de praia brasileiro. O cearense ajudava nos treinos de Franco e Roberto Lopes em uma época que ainda nem sonhava com o vice-campeonato olímpico, conquistado em Atenas-2004.
- Comecei a trabalhar com eles quando tinha 17, 18 anos. Foi uma fase muito boa da minha vida. Ali, pude ter um conhecimento de nível técnico bom e desenvolver o meu jogo. Mas não imaginava que poderia chegar a um pódio olímpico. Na verdade, o vôlei de praia nem tinha entrado nos Jogos ainda – recorda. A modalidade entrou no programa das Olimpíadas em Atlanta-1996.
Mais um medalhista olímpico que também começou como aprendiz foi Ricardo. Dono do ouro na Grécia, o jogador foi “braceiro” de Paulão e Paulo Emílio, há 15 anos. Apesar dos ensinamentos na quadra, ele afirma que o aprendizado pessoal foi o mais importante.
- Comecei catando bola, fazendo saque para ele. Paulão era meu parâmetro, queria tentar chegar ao que ele representava para mim, tanto dentro, quanto fora da quadra. Ele me apoiou muito. Quando era mais novo, não tinha condições de pagar as viagens para as etapas. Ele, que já era um atleta de ponta, me ajudava bancando a hospedagem, chamando para jantar. Mas, o mais importante, foi que ele acreditou em mim.