Até quando vencer é mais importante?

Derrota por 3 sets a 0 diante da Bulgária, segundo lugar no grupo, caminho mais "fácil" para a seleção brasileira no Mundial Masculino de Vôlei e opiniões conflitantes.

Numa competição em que o regulamento foi feito para favorecer a equipe italiana, dona da casa, é interessante entrar na onda das outras seleções e ceder a vitória ao time adversário? Uma seleção do nível da nossa: tão vitoriosa, exemplar e que atualmente tem sido o maior orgulho do esporte brasileiro precisa usar um regulamento tão estúpido para chegar ao título? Bernardinho, Giba, Rodrigão e cia, tão vencedores, precisam viver um dia de "Maria vai com as outras" para conquistarem um campeonato? 

Torcida italiana protestado. Foto: Globo.com
Que o erro maior está na federação internacional, ninguém precisa contestar, mas, sinceramente, essa derrota pegou mal para o vôlei brasileiro. Somos os melhores do mundo nesse esporte e escolher o grupo mais fraco não foi lá a atitude mais louvável de uma seleção eneacampeã mundial. Tudo bem que foi a Rússia que começou com isso, porém, não é porque eles fizeram que era preciso protestar dessa forma. Tal decisão não combinou em nada com a postura vencedora da nossa seleção. E todos sairam perdendo: jogadores, torcedores e, principalmente, a imagem do voleibol.

Seria mais interessante vencer, entrar no grupo mais forte, vencer também, se classificar para as semifinais e mostrar que se alguma seleção tem que temer alguma coisa, essa seleção não precisa ser a brasileira. E se perdêssemos, parabéns! Mais do que o título, mostraríamos que atitudes campeãs não precisam estar associadas necessariamente a um time campeão dentro de quadra.

Mas, essa não foi a primeira e, infelizmente, não será a última vez que essa atitude acontece. Já vi isso no futebol de areia, no futsal, no vôlei de praia... Em Pequim, os organizadores chineses fizeram de tudo para que as duplas da casa fossem campeãs. Criaram confrontos diretos entre Walsh e May e as duplas verde-amarelas, enquanto as chinesas passavam fácil por frágeis adversárias. Porém, o que mais assusta é que, pela primeira vez, o Brasil usa esse artifício a seu favor. Sempre condenamos essa postura antidesportiva e será hoje, só porque o Brasil foi beneficiado, que devemos mudar nossa opinião sobre isso?

Créditos os jogadores têm de sobra, Bernardinho continuará sendo o grande líder de sempre. O fato de hoje não apaga em nada as tantas alegrias que eles nos deram.Porém, o currículo de nenhum dos envolvidos precisava ganhar essa mancha boba e desnecessária. Não fizemos uma boa preparação para o Mundial, é verdade. Perdemos amistoso, mas temos muito mais time e se alguém estava tremendo por causa da gente, deixando titular na arquibancada, que fosse um problema só deles. 

Ainda bem que brasileiro tem memória curta. Que o Brasil volte a ser Brasil na próxima fase, que as outras seleções também voltem a honrar a grandeza do voleibol e que os organizadores façam regulamentos menos interesseiros. Pelo bem de todos!


O sentimento não pode parar!